Ratos, Ratinhos, Ratões...



Havia no galpão tudo que é tipo de rato. Tinha rato Dez Por Cento, tinha rato faminto, os Trinta Por Cento. Tinha rato chamado Cacique, outros de Vossa Excelência. Em geral, ratos velhos e gordos, ratos que bebiam e comiam da fartura do grande galpão. Tinha ratazana, ratinhos, ratões, cada qual mais faminto e ambicioso que o outro. Ratos espertos e sabidos que conheciam atalhos, a nobre lei, e tudo mais. Ratos que sabiam negociar, compravam o posto, lugar de decisão, porque para cada rato daqueles havia geralmente milhares de asnos que teclavam seus números e montavam toda aquela "rataria". Tudo muito belo até o dia que no galpão havia uma coisa estranha, alguém que trazia risco aos festejos de tantos ratos. Uma estranha no ninho, uma inimiga dos pobres roedores, cuja única salvação fora expulsar a intrusa do meio deles, porque ela de longe não queria ser rata como eles. 

Texto publicado na última sexta-feira no Jornal Destak