O Outro e o Eu no Jardim das Incompreensões



No Jardim das Incompreensões moravam dois sujeitos, O Outro, e O Eu, que como dois vizinhos que nĂŁo se entendem passavam os dias submersos em divergĂŞncias e discussões. E tudo isso acontecia porque O Eu era incapaz de entender O Outro, e, mais do que isso, ainda que sequer tentasse, tinha certeza de que nunca conseguiria ver o mundo sob a visĂŁo d'O Outro. Assim, mergulhado em sua individualidade solitária O Eu era incapaz de entender que O Outro podia (quiçá devesse) ver as coisas de uma maneira que o Eu nĂŁo via, o que para esse Eu, um tanto egoĂ­sta, soava sempre como afronta, pois de alguma forma fora treinado para ser como os cavalos, impedido de olhar para os lados, para outras direções, descobrir novos prismas. Assim, O Jardim das Incompreensões caĂ­a em sombras e caos, regredindo, regredindo, regredindo… Tudo por causa da incapacidade do Eu em descobrir que pelo olhar d'O Outro o Eu era o Outro, e o Outro, nĂŁo deixava de ser Eu.

Texto publicado no Jornal Destak de 17 de junho