Sátira política e os livros




Podemos dizer que o Brasil desde 2014 vive um caldeirão político que mais uma vez sacudiu nossa democracia trazendo novamente a estável instabilidade que ronda o poder tupiniquim numa nação cujas elites sempre foram pouco dispostas a ouvir as urnas. A literatura, logicamente, que não fica alheia a isso tem sido espaço de resistência ou de ação, em parte numa briga feroz entre "foi golpe" e "não foi golpe".

E no meio dessa agitação toda temos visto nascer também uma série de publicações que estão no campo da sátira, em romances políticos, ou melhor, romances que falam de política, geralmente num linguajar capaz de atender as massas. Nesse campo das publicações recentes, O Império do Oprimido, de Guilherme Fiuzza de 2016 em que de forma bastante caricata o autor apresenta seu olhar da chegada da esquerda ao poder numa espécie de emulação caricata e com diversos "poréns" a se discutir.

Mais recentemente tivemos a querela entre Record e Eduardo Cunha (o "verdadeiro") por causa da publicação do livro publicado sob o pseudônimo homônimo desta recente figura da política nacional. A ideia seria imaginar o teor o livro que o político dissera que escreveria no ápice de sua derrocada. Recentemente, revelou-se então que o renomado escritor Ricardo Lísias teria escrito o "imaginado" Diário da Cadeia. Este não li ainda, mas segundo a Veja "tem algo de engenhoso nesse vai e vem do romance, que afinal faz com que o livro contenha outro dentro de si. Mas, de maneira geral, Diário da Cadeia pode ser difícil de atravessar". Segundo a avaliação da revista (ainda que eu não a leve em muita consideração) "o Cunha da ficção é mais ingênuo que o real". Ah vá!

Contudo, escrevo sobre estes dois exemplos, sem falar de outros que tenho visto falar, justamente para comentar sobre minha recente publicação na Amazon, Yellow Banana's que também se embrenha nesta seara, e, digamos, através da alegoria traz meu olhar sobre os movimentos políticos recentes. Para isso eu reduplico e recrio nossa nação criando seu espelho (ou nem tanto espelho assim), Brisal um país recentemente impactado por um golpe em que juízes da corte máxima são assassinados, áudios telefônicos comprometedores vazam e o novo governo é comandado pelos mesmos integrantes de uma grande máfia, A Grande Quadrilha Nacional. Nesta terra sem heróis, o protagonista improvável logicamente um sujeito que não hesitará em olhar para seu umbigo.

É uma publicação curta, sem grandes pretensões mas cujas reações de alguns leitores estão sendo bacanas. Além disso, a obra tem sido bem procurada no site da Amazon e vez por outra tem figurado entre as mais vendidas do gênero, estando entre nomes de grande peso. Mas a noveleta não tem grandes pretensões e trata-se de uma divertida história para ser lida com mais ou menos seriedade, você, leitor, escolhe. Aliás, aproveita e dá uma conferida lá no site. É mais barata que 1 pixuleco ;)